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REV. DO INST. ARCH. E GEOG. PERN.

vós ; recommendando eu que finalmente lhe falasse de mandar as tapuyas ao Mongaguape.

E’ Deus Nosso Senhor quem me dicta estas palavras. Se te mandei procurar, SNr. Pedro Poty é porque sou dos nossos parentes bons e verdadeiros.

Vem, sae deste inferno. Não sabes que és christão? Porque fazes tanto por te perder se és christão? Porque te has de querer perder se és filho de Deus? Porque has de ficar entre os impios? E’ tanto o teu desejo de perdição? Quantos christãos vês que se perdem por este modo?

Os brancos não caem em perdição porque sendo chris-
tãos, logo a evitam e Deus não os desampara.

Desejamos nós a vinda de vós todos sob a palavra do Snr. Capitão-mór Antonio Felippe Camarão e sob a de todos os capitães portuguezes.

Por amór de vós ando muito sentido, vendo-vos afas-
tados de nós. Pois não sois verdadeiros parentes nossos ?

Não vos fazemos mal algum ; portanto, nenhum mal tam-
bem deveis tentar contra nós outros.

Vae esta carta do Capitão-mór para ti e mais uma de outro Capitão-mór para Antonio Paraupaba.

Permitta Deus e o faça em breve que tornemos a con-
siderar-vos christãos outra vez. Quanto nos alegrariamos então !

Estas duas mulheres que verás, mandei-as levar noticias a vós outros e ellas que te digam onde eu estou.

Vão estas noticias nossas na esperança de que estejas bem de saúde e que Deus, na verdade, esteja comtigo e com os teus companheiros.

21 de Outubro de 1645 annos.

Teu parente e teu amigo Sargento-mór D. Diogo Pinheiro Camarão.

(Subscripto)

Ao Snr. Capitão Pedro Poty q’. D.ª G.º