REVISTA
DO
Instituto Archeologico e Geographico Pernambucano
CARTAS TUPIS
DOS
CAMARÕES
Bem mais ardua do que a principio suppuz foi a tarefa que tomei de rever as Cartas tupis dos Camarões.
Confesso que só com grande difficuldade consegui enten-
der o tupi em que foram escriptas as duas primeiras cartas, as
unicas em que logrei fazer alguma cousa na restauração e tra-
ducção do texto. As restantes estão ainda para mim indeci-
fraveis; são verdadeiros enigmas.
Nota.No decurso das pesquizas que, em 1885, por incumbencia deste
Instituto, o Dr. José Hygino Duarte Pereira realizou no Archivo da
Companhia das Indias Occidentaes, em Haya, encontrou uma serie
de cartas em tupi dirigidas por D. Antonio Felippo Camarão, D. Diogo
Pinheiro Camarão e Diogo da Costa a Pedro Poty, Antonio Paraupaba
e outros indios da Parahyha e do Rio Grande do Norte, que se tinham
alliado aos Hollandezes. Erão ein numero de seis, a 1ª è à 5ª firmadas
por Diogo Pinheiro, a 2ª por Diogo da Costa, e a 3ª, 4ª e 6ª pelo capi-
tão-mor Camarão; o conteúdo do todas ellas era identico os dois Ca-
marões e Diogo da Costa tentavam induzir os seus parentes, quo toma-
ram voz por Hollanda, a se bandearem para os Portuguezes. Foram
escriptas uma em Agosto e as outras em outubro de 1645 e as acom-
panhava uma tradução em hollandez feita pelo ministro da igreja
reformada Johannes Eduards.
« Copiei pessoalmente, disse o nosso saudoso confrade, cinco destas cartas; não ouzando, porem, copiar a ultima, cuja letra estava um pouco apagada, fi-la photographar e da reproducção photographica trago os dois exemplares que neste momento apresento ao Instituto. »
36