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REV. DO INST. ARCH. E GEOG. PERN

A carta de Diogo Pinheiro Camarão, dirigida a Pedro Poty é precisamente dessa epocha. Tem a data de 21 de Ou-
tubro de 1645 e parece ter sido escripta durante a travessia da Parahyba para o Rio Grande do Norte ; leva intuitos de paz e de amizade ; invoca o sentimento christão do destinatario ; la-
menta que este se conserve inimigo sem ter sido molestado ; diz-lhe que foram enviados escultas para sondar os animos e que Diogo da Costa fora com ordem de tomar alguns homens e mulheres para mensageiros ; e concita o destinatario a deixar o partido hollandez.

Mas não antecipemos as cousas, vamos analysar essa carta de Diogo Pinheiro Camarão ao seu parente Pedro Poty, exa-
minando primeiro o texto tupi, segundo a copia do original, para dar-lhe, se passivel fôr, a graphia que verdadeiramente deve ter, e a traducção respectiva que, só então, terá cabimento.

Escrevemos, em caracteres griphados, e em primeiro lo-
gar, o texto copiado por José Hygino, e por baixo delle, em caracteres romanos, o tupi restaurado, fazendo-o corresponder termo a termo com o texto copiado.


1ª CARTA

Ao Senhor Capitão Pedro Poty inde iara Pay, tupae

 

Ao Senhor Capitão Pedro Poty yande yára Pay-Tupā

 

tuobe catu tomeeng Endeche Ieo papera Endeeeeping ianode

 

tecobé catú tomeeng ndèbe. [1] Ieo papera ndêreeping ianondê

 

xerori catuap. [2] opabenhe pem tra nigina reee quiperaduba

 

cheroricatú opabinhê pê maraneyma [3] recê. [4] Quiporanduba

 

xeabeu noxe marainhe guituobo pee me maemonhang-agu-

 

che mbiá nache maraní guitecobo peeme maemonhang-agu-

  1. No texto tupi copiado não ha pontuação nem accentos. O sentido da phrase exige porem aqui um ponto final.
  2. No texto ha um ponto final que não se justifica, e a syllaba ap é um erro, reproduzindo a primeira syllaba do vocabulo seguinte.
  3. A palavra maraneyma está no texto copiado esphacelada. Uma parte se unio á palavra precedente e formou o termo pemara que não tem sentido, e a outra parte constituio um vocabulo novo que não tem razão de ser.
  4. Ainda aqui reclama o sentido um ponto final que no texto copiado não existe.